quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ser Republicano

Neste momento de tanta turbulência na República brasileira, onde escândalos se sucedem a cada dia, vale a pena ler o artigo escrito pelo brilhante historiador brasileiro, José Murilo de Carvalho, sobre a República e publicado no jornal "O Globo", no dia 06 de julho de 2009. Leia o artigo:
"Ser republicano é crer na igualdade civil de todos, sem distinção de qualquer natureza. É rejeitar hierarquias e privilégios. É não perguntar: 'Você sabe com quem está falando?' E é responder: 'Quem você pensa que é?'
É crer na lei como garantia da liberdade. É saber que o Estado não é uma extensão da família, um clube de amigos, um grupo de companheiros. É repudiar práticas patrimonialistas, clientelistas, familistas, paternalistas, nepotistas, corporativistas.
É acreditar que o Estado não tem dinheiro, que ele apenas administra o dinheiro pago pelo contribuinte. É saber que quem rouba dinheiro de todos. É considerar que a administração eficiente e transparente do dinheiro público é dever do Estado e direito seu.
É não praticar nem solicitar jeitinhos, empenhos, pistolões, favores e proteções.
Ser republicano, já dizia há 346 anos o jesuíta Simão de Vasconcelos, É NÃO SER BRASILEIRO."
(Jornal O Globo, Segunda feira 06 de julho de 2009, página 7).
"Nenhum homem nesta terra é repúblico, nem vela ou trata do bem comum, senão cada um do bem particular." (Simão de Vasconcelos, 1663)

Mudanças no Senado?

A jornalista Lucia Hippolito, no seu comentário ao jornal da CBN, 2ª edição, no dia de hoje, comentou que existe uma alternativa para tentar encerrar a questão da crise do Senado Federal e retirar o senador José Sarney de sua presidência. Pelo que foi comentado, está sendo discutida nos bastidores do poder, em Brasília, a colocação do senador fluminense Francisco Dornelles, do PP, como o novo presidente do Congresso Nacional. Por sua história e por conseguir dialogar tanto com a situação quanto com a oposição, Dornelles seria a melhor alternativa neste momento turbulento do Legislativo brasileiro.
Mas, será que essa troca realmente provocará uma mudança no cenário político brasileiro? Ao meu ver, não. Primeiro pelo fato do partido deste senador ser tão fisiologista, clientelista, quanto o próprio PMDB, que vimos na reportagem da revista VEJA, é o maior símbolo desta prática danosa para o país. No entanto, se observarmos o PP, não muda nada, pois também se utiliza das mesmas práticas. Quer ver um nome importante neste partido: Paulo Maluf. Preciso dizer alguma coisa? Eu acredito que não.
Infelizmente, o cenário político brasileiro continuará pautado por estas práticas mesquinhas e retrógadas, não transformando em nada o cenário sócio-econômico do país. Porém, poderíamos questionar o seguinte: se no próprio PMDB temos nomes de caráter, como o senador gaúcho Pedro Simon, será que o PP não teria também nomes bons? O próprio senador Dornelles, sobrinho de Tancredo Neves, não poderia ser um deles?
Serei obrigado a jogar água fria na tua esperança, pois vemos que é tão fisiologista quanto o restante. Se a gente analisar a sua biografia, veremos que praticou a mesma coisa que os clientelistas do PMDB: foi secretário da Receita Federal, no governo militar do general João Figueiredo; ministro da Fazenda do governo de José Sarney [compreende agora?]; ministro da Indústria, Comércio e Turismo do governo neoliberal de FHC; deputado federal por vários mandatos, desde a década de 1980; e eleito senador da República, em 2006, num pleito que foi marcado por uma virada muito suspeita, em menos de uma semana, derrotando a candidata do PC do B, Jandira Feghali.
Bem, veremos os próximos lances da política nacional para observarmos se a minha análise está correta ou não.
Veja o seguinte site, com informações interessantes sobre o senador:
Paz e Bem para todos.
Dominus Vobiscum !!!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

REPORTAGEM DA VEJA SOBRE O PMDB

Nesta semana, a Veja publicou uma excelente reportagem sobre o PMDB, demonstrando como ele passou do símbolo da resistência democrática no período da ditadura militar, até chegar a ser hoje o símbolo maior do fisiologismo, onde ao mesmo tempo é importante para a governabilidade nacional e acaba sendo um grande instrumento de corrupção e clientelismo, algo que já comentamos ao falar do caso José Sarney.
Em relação ao fisiologismo, algo enraizado na prática política do PMDB, a reportagem cita a definição da Wikipédia, que vale a pena ser reproduzida aqui: "Fisiologismo é um tipo de relação de poder político em que as ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores, favorecimentos e outros benefícios a interesses individuais. É um fenômeno que ocorre frequentemente em parlamentos, mas também no Poder Executivo, estreitamente associado à corrupção política. Os partidos políticos podem ser considerados fisiologistas quando apoiam qualquer governo independentemente da coerência entre as ideologias ou planos programáticos".
Infelizmente, percebemos que a prática fisiologista de troca de favores, de um "toma lá, dá cá", não é exclusivo do PMDB. Várias outras agremiações partidárias realizam de forma inescrupulosa esta prática, desde os grandes partidos, até os chamados nanicos partidos. No entanto, por sua dimensão nacional, o PMDB encarna o paroxismo do fisiologismo. Ele se utiliza do seu tamanho e presença em todos os estados da Federação para pressionar o governo e conseguir cargos públicos, independente de qual ideologia ou concepção partidária esteja no poder. Como diz a reportagem, "Está no governo Lula assim como esteve em todos os governos nos últimos 24 anos". E, sem saber quem será o vencedor no pleito de 2010, o partido já se prepara para participar do futuro governo a ser eleito, seja do PT ou do PSDB.
Pela reportagem, cinco características levam a concluir que é impossível chegar ao Planalto e governar, sem a participação do PMDB. Veja o que diz a reportagem do jornalista Otávio Cabral:

"1) MALEABILIDADE – Herança dos tempos heroicos, quando se chamava MDB e serviu de Arca de Noé para todo o espectro de opositores da ditadura militar, o PMDB é um partido sem identidade ideológica, sem espinha dorsal programática, o que facilita as conversas na linha 'hay gobierno, estoy dentro'.
O partido serviu como abrigo e até esconderijo para todas as correntes políticas que faziam oposição aos militares. A convivência entre figuras tão distintas se consolidou com o tempo e fez do partido uma espécie de sigla ecumênica. 'Nós nascemos com o único objetivo de retomar a democracia. Nunca tivemos unidade ideológica, programa econômico ou plano de desenvolvimento. Vencemos a ditadura e ficamos sem bandeira', admite Wellington Moreira Franco, ex-governador do Rio de Janeiro e atual vice-presidente da Caixa. O PMDB talvez seja o único partido do mundo que admite a dissidência em seu estatuto. O fato de ser uma agremiação sem ideologia, sem programa e sem projeto facilitou ao PMDB estar presente em todos os governos nos últimos 24 anos, sem nenhum conflito.

2) ACEFALIA – O PMDB não tem um líder histórico ou um cacique incontrastável que dê rumo e aprove coligações. Sua estrutura é formada de células regionais e facções com ampla autonomia para tratar dos interesses mais imediatos de cada grupo.
O PMDB tem nove governadores, seis ministros e a maior bancada do Congresso. Mas não tem uma liderança, alguém capaz de falar em nome do partido. A falta de referencial facilita à sigla compor-se com quem quer que seja. 'O PMDB é um partido com líderes inexpressivos. Alguém se lembra de algo relevante oriundo de Renan Calheiros ou de José Sarney?', questiona o historiador Marco Antonio Villa. Durante a ditadura, o partido teve ícones, como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães. Hoje tem como farol figuras como Orestes Quércia e Jader Barbalho, que dirigem quadros rasteiros. Caso do senador Wellington Salgado, um especialista em defender colegas enrolados. Indagado sobre as últimas denúncias contra o senador José Sarney – gravado pela polícia articulando a nomeação do namorado de uma neta para o Senado
–, Salgado vaticinou: 'Ele fez o que todo senador faz'.
3) ADAPTABILIDADE – Se o Brasil amanhecesse comunista, o PMDB acordaria o partido dos 'comissários do povo'. Nada abala a convicção dos peemedebistas de que cedo ou tarde o partido no governo e o presidente da República, sejam quais forem, vão precisar de seus préstimos. Daí, então, basta negociar o preço, fazer as mais tenebrosas transações parecerem 'alta política' e pegar a chave do cofre apenas como mais uma 'missão de servir ao país' confiada a algum correligionário.
O PMDB começou a fazer graduação em teoria fisiológica ainda na ditadura. Na ocasião, não havia eleições diretas para presidente, governador e prefeito de capital – e o partido passou a priorizar os grotões, onde até hoje a promessa de qualquer coisa, seja uma nota de 10 reais, seja um emprego, ainda vale um voto. Em 1985, depois que José Sarney assumiu a Presidência, o partido começou a aplicar em larga escala suas habilidades em temas heterodoxos, tudo disfarçado de ações supostamente em favor da governabilidade e da formação de maioria. Na era Sarney, a especialidade da bancada do PMDB era permutar votos por concessões de rádio e TV. No governo Collor, o partido não teve muito espaço e ajudou a derrubá-lo. Na era Fernando Henrique Cardoso, a chantagem virou o instrumento de pressão do partido. Sob Lula, a troca de apoio por cargos chegou ao extremo. Hoje, o partido comanda órgãos que movimentam um orçamento de 240 bilhões de reais
. Quem já teve como função negociar com o PMDB sabe que quem não ceder perde: 'O que muda é o tamanho da colher. Em um governo, o PMDB tem uma colher de sopa. Em outro, de sobremesa. Em outro, de chá. Mas ele sempre ganha seu bocado de poder', afirma o senador Arthur Virgílio, que foi líder de FHC no Congresso.
4) ATRASO – Em todas as democracias representativas, o avanço se dá quando o nível de educação e de conforto material permite aos eleitores interessar-se por questões não diretamente ligadas à sua sobrevivência imediata. Ou seja, quando o eleitor toma decisões baseadas em conceitos antes abstratos, como 'interesse nacional' ou 'ética'. Da mesma forma que a natureza abomina o vácuo, o PMDB não se interessa pelo eleitor que escapou do lumpesinato e não mais se entrega a qualquer partido que lhe ofereça uma recompensa material básica em troca de seu voto. Como uma imensa porção da população brasileira ainda depende desse tipo de recompensa, o PMDB tem um futuro risonho a curto e médio prazos.
O PMDB é um partido pragmático. Sabe como chegar ao eleitorado e o que precisa fazer para agradar-lhe. Autor do livro A Cabeça do Eleitor, o sociólogo Alberto Carlos Almeida compara o PMDB ao brasileiro médio. "O PMDB é o partido do centro, da ambiguidade, do meio-termo, da neutralidade, do interior do país, de escolaridade baixa, morador das regiões menos avançadas. É como a média do brasileiro', compara. E esse brasileiro médio não vota por ideologia ou por afinidade, mas em quem lhe traz um benefício concreto e imediato. Por exemplo, o deputado que indica o gestor da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Por meio do órgão chegarão remédios e obras à base do parlamentar, que terá uma população muito agradecida a ele na eleição seguinte. Por isso, órgãos como a Funasa, os Correios e o INSS são tão cobiçados pelo PMDB. Há ainda uma segunda vantagem. É comum um parlamentar brigar para indicar diretorias de obras de uma estatal. O alvo nesse caso são as empreiteiras contratadas, que se tornam potenciais doadoras de campanha. 'A regra é o pagamento de comissões que vão de 5% a 10% para o partido', afirma um ex-ministro peemedebista. É por isso que a lista de cargos ocupados pelo PMDB é tão ampla. Vai de um ministério a um posto de polícia no interior.
5) RESILIÊNCIA – As subestruturas regionais e as facções do partido só atuam em conjunto, com grande eficiência, quando a sobrevivência material do grupo e sua maneira de servir-se do estado são ameaçadas por alguma reforma política modernizante e mais ampla ou por um presidente ousado e destemido que decide acabar com a festa do dinheiro público.
O PMDB é entrave a qualquer mudança necessária para a modernização. O caso mais emblemático é a reforma política. Não há razão em apoiar alterações na regra se as distorções estão na gênese do poder do partido. 'As leis eleitorais não mudarão enquanto beneficiarem essa bancada que não disputa eleição mas se dá bem em qualquer governo', afirma o cientista político Gaudêncio Torquato. A reforma tributária também fica em segundo plano. Se puxar de um lado, prejudica o empresariado, que financia as campanhas do PMDB. Se puxar de outro, prejudica estados e municípios, nos quais o partido está entranhado na máquina. Ao negociar alianças prévias com o PT e o PSDB, os dois prováveis adversários nas eleições presidenciais do ano que vem, o PMDB está apenas cuidando do próprio futuro. Para o bem e para mal, também do nosso próprio futuro."

Lula e o presidente do PMDB, Michel Temer, um ex-serrista agora com o PT



terça-feira, 28 de julho de 2009

MISTÉRIOS ENTRE O CÉU E AS PREFEITURAS

Bem, meus amigos, depois de uma semana sem postar nada de novo aqui, estou retomando a análise dos principais fatos que têm alguma relevância no cenário historiográfico, usando como base uma reportagem da revista Veja, desta semana, sobre o convênio de algumas prefeituras com uma fundação mediúnica, a Fundação Cacique Cobra Coral. Segue trecho da reportagem:

"Por mais que a ciência avance no conhecimento dos fenômenos naturais, as variações climáticas continuam a contrariar as previsões. Dá-se como certo que vai fazer um solão no fim de semana e lá vem uma frente fria inesperada e atrapalha tudo. Os meteorologistas anunciam um inverno chuvoso e logo o ar seco está irritando os olhos e gargantas. (...)
Se é quase impossível prever o clima, o que se dirá então da tarefa de modificá-lo, ora expulsando nuvens de chuva para evitar enchentes, ora fazendo-as se concentrar sobre áreas devastadas pela seca para aliviar os flagelados.
Pois não é que as prefeituras das duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, assinaram convenios com a Fundação Cacique Cobra Coral, que se anuncia como tendo poder de interferir nos fenômenos climáticos através de uma entidade espiritual?
(...) A surpresa maior é as prefeituras estarem plenamente satisfeitas com os resultados. No Rio de Janeiro, o convêncio do outro mundo começou em 2002, na gestão do prefeito César Maia. Ele atribui sem rodeios à atuação do espírito do cacique o fato de o Rio de Janeiro não ter sofrido nenhuma tragédia climática durante os seus dois últimos mandatos de prefeito.
César Maia disparou um e-mail para a prefeitura de São Paulo, que ainda estava sob o comando do atual governador José Serra, recomendando ao colega que buscasse a mesma proteção espiritual para a cidade. Coube ao vereador paulistano Ricardo Teixeira, então secretário adjunto de Coordenação das Subprefeituras, cuidar da assinatura da parceria.
A metafísica ganhou também a adesão dos sucessores de César Maia e José Serra. Em São Paulo, a administração do prefeito Gilberto Kassab informou que o convênio, assinado por tempo indeterminado e sem custo para os cofres da cidade, não foi revogado.
No Rio de Janeiro, o secretário municipal de Obras, Luiz Antônio Guaraná, diz que pensou em dispensar os serviços do cacique. Bastou que caíssem as primeiras chuvas do verão, no começo do ano, para que ele se agarrasse às mesmas crendices da administração anterior. O convênio foi prontamente restabelecido. 'Brinquei com o Guaraná que, entre ele e a fundação, eu ficaria com a fundação", diz o prefeito Eduardo Paes, justificando a prorrogação do contrato de serviços do além.
Paes já encomendou à fundação uma nova 'operação de alteração climática'. Ele quer um veranico, a súbita elevação passageira dos termômetros em pleno inverno, com que espera controlar o surto da gripe suína, cuja propagação se beneficia das baixas temperaturas. O prefeito ficou convertidíssimo depois de atribuir a uma operação do cacique o sucesso da visita do Comitê Olímpico Internacional, no mês de maio, para avaliar a candidatura do Rio de Janeiro aos Jogos de 2016. Diz Paes: 'Choveu durante as sabatinas no hotel, mas o sol se abriu na hora das visitas aos locais das provas. Até ventou na apresentação das instalações da vela. As condições climáticas foram perfeitas'.
O cacique Cobra Coral se apresenta aos mortais pela intermediação da paranaense Adelaide Scritori, de 54 anos. Antes de se embrenhar na selva brasileira, ele teria sido ninguém menos do que o italiano Galileu Galilei, o físico e matemático que criou a ciência moderna no século XVI. Fosse isso pouco, segundo Adelaide, o cacique mais tarde encarnou-se em Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos da América, que aboliu a escravidão e manteve o país unido ao cabo de uma guerra civil em que morreram 620 mil pessoas."
(Revista Veja, Sessão Cidades, páginas 96 e 97, de 29 de julho de 2009).
Na mesma reportagem, a jornalista Silvia Rogar, responsável pela matéria, ainda cita outros casos de influência esotérica nos governos do país. Ela cita o caso do minitro de Minas e Energia no governo do general João Figueiredo, o engenheiro César Cals, que recorria aos médiuns para encontrar jazidas de minerais no país. É mencionado também o exemplo do chefe da Casa Militar no governo Fernando Henrique Cardoso, o general Alberto Mendes Cardoso, que dizia incorporar o espírito de um certo "doutor Amaro" e curava muitas pessoas em sessões mediúnicas.
O certo nesta história toda, inusitada para alguns e verdade incontestada para outros, é que se essa moda pega, vai ter gente recorrendo ao além para salvar mandato de senador, acabar com escândalos no Congresso, ou até mesmo enviar algum tipo de recurso ilícito para bancar campanha eleitoral, através de cueca ou mala de fantasma. Realmente, cada vez mais, chego a conclusão que isso só acontece em nosso país. O menos pior nisso tudo é que nenhum recurso foi utilizado para se obter as vantagens do além, hehehe.
Paz e Bem para todos.
Dominus Vobiscum !!!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Escândalos no Senado Federal

O motivo da criação deste blog era de trazer notícias, informações e imagens sobre temas que demonstrassem a relação do cotidiano com a História. Mas, vivemos um mundo que a velocidade das informações e dos acontecimentos estão surpreendendo, pois várias coisas estão acontecendo ao mesmo tempo.
No entanto, começarei a semana com a análise da entrevista que postei mais cedo, com o professor Marco Antonio Villa. Destaco como sendo a parte mais importante da mesma, ele dizer que o evento do escândalo no Senado "é a morte política do Sarney". Agora, o que significa isso?

José Sarney, político de décadas atuando no cenário estadual ou nacional, é o representante máximo de uma forma arcaica da política brasileira: a oligarquia ou o coronelismo.

Este tipo de politicagem é presente no cenário brasileiro desde a República Velha, entre 1889 e 1930, muito embora encontramos indícios dessa prática tanto no Império quanto no período colonial.

A prática do clientelismo, onde o político acredita que é o detentor absoluto da coisa pública, e se perpetua no poder através de compra de votos ou pressões ao eleitorado, é marca registrada da figura do coronel. Não podemos esquecer que na época citada acima, o coronel detinha o controle do poder político local, através do Voto de Cabresto, prática ocorrida pelo fato do voto ser aberto, diferente da atualidade, onde o voto é secreto.

O coronel era o dono da terra, aquele que concedia favores aos seus subordinados [leia-se eleitores], muitos sendo afilhados de Batismo, deste quase Senhor Feudal. Na atualidade, percebemos que isso ainda ocorre, sobretudo, no Nordeste e na região Norte do país. Quantos registros de compra de votos são noticiados pela mídia? Quantas vezes sabemos da troca do voto por coisas materiais?

O pior é que, muitas das vezes, esta prática não é sozinha, isolada. Muita das vezes, o controle é ainda maior, como o próprio professor menciona, onde no Maranhão a presidente do TRE é cunhada do senador, a desembargadora Nelma Sarney.

O que podemos esperar de um país onde isso ainda ocorre? Ou quando a governabilidade do Executivo necessita do apoio de senadores como Sarney, Calheiros e Collor, para se concretizar ganhos reais para toda a população?

É, amigos, a única coisa que temos convicção é de que nosso papel, nessa História, é fundamental, pois somos os responsáveis em eleger estas pessoas. Somos os personagens principais de um enredo que não acabou, um enredo que tem tudo para melhorar, basta escolhermos com sabedoria os nossos representantes.

A morte política de um senador só será confirmada, quando nas urnas ele for sepultado.

Paz e Bem para todos.

Dominus Vobiscum !!!

domingo, 19 de julho de 2009

Escândalos no Congresso Federal

Saiu hoje no O Globo, uma entrevista com o historiador Marco Antonio Villa, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Segundo ele, Sarney é o "símbolo maior" do coronelismo no país e a crise pode provocar sua morte política, com uma mudança positiva para a democracia brasileira.
Segue alguns trechos desta entrevista ao jornal.
O GLOBO - Sarney tem razão ao alegar que a crise só existe por ele ser aliado do governo?
MARCO - É verdade, não é só o Sarney. O Senado teve outros presidentes e Mesas compostas por vários senadores. Quer dizer, a crise é do Senado. Mas não é só do Senado. É do Senado e do Sarney. Afinal, ele já tinha sido duas vezes presidente do Senado. As denúncias contra ele já são conhecidas no Maranhão há muito tempo. O que está sendo denunciado agora, em esfera nacional, a oposição fala no Maranhão há quatro décadas. No Maranhão todo mundo sabe! (...)

O GLOBO - Porque produtivo?
MARCO - Sarney é o cacique que está há mais tempo na política brasileira, é extremamente nocivo. Toda essa crise que ele está vivendo me parece uma espécie de dobra de finados. A partir dali, acho que é a morte política do Sarney. Ele está caminhando para essa morte política. Evidentemente, ele ainda tem um poderzinho, mas já não tem mais o mesmo poder que tinha. (...)
O GLOBO - Para o senhor, Sarney é o grande coronel do Brasil?
MARCO - Sarney é o símbolo maior desse poder dos coronéis. Por isso essa crise é extremamente saudável. Estamos caminhando para virar a página, para o fim desse poder antidemocrático representado pelas oligarquias. É o maior deles é o Sarney. (...)

(O Globo, sessão O País, página 5, dia 19 de julho de 2009).



Gilberto Mestrinho, ex-governador do Amazonas, morre aos 81 anos

Publicada em 19/07/2009 às 17h00m

CBN; O Globo; Agência Brasil

O ex-governador do Amazonas Gilberto Mestrinho - Roberto Stuckert Filho / Arquivo

RIO - O ex-senador e ex-governador do Amazonas Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), de 81 anos, faleceu na manhã deste domingo. Mestrinho, que lutava contra um câncer de pulmão, estava internado desde o último dia 3, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Prontocord, em Manaus. O boletim médico divulgado apontou como causa da morte insuficiência cardiorrespiratória.

O corpo de Mestrinho está sendo velado no salão nobre do Palácio Rio Negro, antiga sede do governo do estado. A família quer dar oportunidade para a população se despedir do ex-governador. Ele será embalsamado, e o enterro está previsto para as 10h de terça-feira, no cemitério São João Batista, na capital amazonense.

O governo do Amazonas decretou luto de três dias pela morte de Mestrinho. Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a perda. "Mestrinho teve um papel de destaque como líder político do Amazonas. Sua atuação ímpar como senador, presidindo por três vezes consecutivas a Comissão Mista de Orçamento, deixou sua marca na história do Senado. Neste momento de profundo pesar, envio meu abraço de solidariedade a seus familiares e a seus companheiros de atuação política", diz a nota.

Governador do Amazonas por três vezes, foi terror dos ambientalistas

Auditor fiscal aposentado do Tesouro Nacional, Gilberto Mestrinho foi eleito três vezes governador do Amazonas. Ingressou na vida política em 1956, como prefeito de Manaus. Ao longo de sua trajetória, colecionou diversas polêmicas, principalmente na área ambiental. Ganhou apelidos como "imperador da selva" e "vilão ecológico", mas o que mais gostava era "Boto Tucuxi", título do livro do escritor Márcio de Souza. Ele deixa esposa, nove filhos e mais de 20 netos.

Durante a conferência da biodiversidade, a Rio-92, no Rio de Janeiro, o então governador abusou da fama de politicamente incorreto. Aliado de madeireiras estrangeiras e inimigo de Sting, missionários estrangeiros, Raoni e de qualquer ecologista, pregava sem pudor: "A Amazônia não é museu. Sou a favor do desmatamento da floresta; as árvores velhas não produzem oxigênio, só gás carbônico".

Durante a revolução de 1964, foi cassado, com base em denúncias de corrupção. Passou 20 anos fora do Amazonas. Sempre fiel ao PMDB, foi eleito para o Senado em 1998, onde permaneceu até 2007.

Em abril de 2006, o então senador viveu momentos de terror ao lado de sua família, quando teve a casa invadida por 15 homens, em São Conrado, no Rio. Mestrinho, a mulher, Maria Emília, e três empregados foram amarrados e agredidos pelos bandidos. Os assaltantes queriam que ele abrisse um cofre que estava sem uso há anos. Como Mestrinho não conseguia abri-lo, eles ameaçaram decepar os dedos das mãos de Maria Emília.

[Notícia vista no site do O Globo, domingo 19 de julho de 2009]

http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/07/19/gilberto-mestrinho-ex-governador-do-amazonas-morre-aos-81-anos-756881674.asp

sábado, 18 de julho de 2009

A questão do Irã


Xá Mohammad Reza Pahlevi

Aiatolá Khomeini


Aiatolá Ali Khamenei

Candidato a Presidente, pela Oposição, Mir Houssein Moussavi

Presidente Mahmoud Ahmadinejad

Aiatolá Ali Akbar Hashemi Rafsanjani

A questão do Irã

Onda Verde volta a Teerã




"Dezenas de milhares de iranianos enfrentaram policiais e milicianos para ouvir um dos principais aiatolás do país criticar o governo devido à repressão de manifestantes, à apuração das eleições presidenciais e à falta de liberdade de imprensa no Irã. As severas críticas foram feitas pelo poderoso aiatolá Hashemi Rafsanjani durante as orações de sexta feira na Universidade de Teerã, e foram transmitidas por rádio para todo o país, na mais clara demonstração de que o alto clero que comanda o Irã está dividido.
A principal crítica feita por Rafsanjani foi contra a forma como ocorreu a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que oficialmente, teve uma vitória avassaladora, mas num processo considerado fraudado pela oposição e que levou a protestos e enfrentamentos com a polícia.
O principal candidato da oposição à Presidência, Mir Houssein Moussavi, esteve presente às orações lideradas por Rafsanjani, em sua primeira aparição em semanas. A alta posição de Rafsanjani na hierarquia clerical faz dele o aiaitolá que mais vezes lidera as orações na Universidade de Teerã, mas este foi seu primeiro discurso desde a eleição. Ele tomou o cuidado de não mencionar o nome do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, preferindo se referir ao 'governo' como um todo. Mas deixou claro que o país vive um momendo delicado.
Rafsanjani foi companheiro do aiatolá Khomeini, o líder da Revolução Islâmica que criou o governo teocrático do Irã em 1979 [com a derrubada do governo do xá Reza Pahlevi]. Ele também já foi presidente do país, e hoje é o chefe de dois dos três principais conselhos religiososo iranianos, a Assembleia dos Peritos e o Conselho do Discernimento. Ele revelou ter levado a crise para discussão nos dois grupos, e propôs uma solução baseada em dois princípios: tudo deve ser resolvido dentro do sistema legal e que o debate deve ser livre."
(O Globo, sessão O Mundo, página 26, dia 18 de julho de 2009).