Onda Verde volta a Teerã
"Dezenas de milhares de iranianos enfrentaram policiais e milicianos para ouvir um dos principais aiatolás do país criticar o governo devido à repressão de manifestantes, à apuração das eleições presidenciais e à falta
de liberdade de imprensa no Irã. As severas críticas foram feitas pelo poderoso aiatolá Hashemi Rafsanjani durante as orações de sexta feira na Universidade de Teerã, e foram transmitidas por rádio para todo o país, na mais clara demonstração de que o alto clero que comanda o Irã está dividido.

A principal crítica feita por Rafsanjani foi contra a forma como ocorreu a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que oficialmente, teve uma vitória avassaladora, mas num processo considerado fraudado pela oposição e que levou a protestos e enfrentamentos com a polícia.
O principal candidato da oposição à Presidência, Mir Houssein Moussavi, esteve presente às orações lideradas por Rafsanjani, em sua primeira aparição em semanas. A alta posição de Rafsanjani na hierarquia clerical faz dele o aiaitolá que mais vezes lidera as orações na Universidade de Teerã, mas este foi seu primeiro discurso desde a eleição. Ele tomou o cuidado de não mencionar o nome do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, preferindo se referir ao 'governo' como um todo. Mas deixou claro que o país vive um momendo delicado.
Rafsanjani foi companheiro do aiatolá Khomeini, o líder da Revolução Islâmica que criou o governo teocrático do Irã em 1979 [com a derrubada do governo do xá Reza Pahlevi]. Ele também já foi presidente do país, e hoje é o chefe de dois dos três principais conselhos religiososo iranianos, a Assembleia dos Peritos e o Conselho do Discernimento. Ele revelou ter levado a crise para discussão nos dois grupos, e propôs uma solução baseada em dois princípios: tudo deve ser resolvido dentro do sistema legal e que o debate deve ser livre."
(O Globo, sessão O Mundo, página 26, dia 18 de julho de 2009).
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