terça-feira, 25 de agosto de 2009

Especial I - 55 anos do suicídio de Getúlio Vargas


Bem, meus amigos, estamos lembrando nesse 24 de agosto, cinquenta e cinco anos do suicídio do presidente Getúlio Vargas, considerado por muitos como o melhor e maior presidente que o nosso país já teve. Chamado de "pai dos pobres", Vargas foi o governante que mais tempo ficou no poder, durante o período republicano, em dois momentos: entre 1930 e 1945, após o golpe realizado por ele mesmo, contra o presidente Washington Luís, em outubro de 30; e entre 1951 e 1954, quando assumiu a presidência, após ser eleito pelo povo.
Agora, o que representou a "Era Vargas", período que se prolonga, de alguma forma, até os dias de hoje? Odiando ou amando Getúlio, é inegável reconhecer a sua importância para o país, pois grandes realizações foram feitas por ele: a legislação trabalhista tomou corpo durante o seu governo, em especial após a Constituição de 1934; construiu a estrutura inicial da industrialização brasileira, criando indústrias nacionais e estatais, como a Petrobras, Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (o BNDE, que depois virou BNDES, ao acrescentarem Social na sigla).
Diferente de Juscelino, também considerado por muitos como o maior estadista republicano de nossa História, Vargas promoveu um desenvolvimento voltado para o nacional, algo que desagradou e muito parte de nossa elite, representada pela UDN [origem partidária do atual DEM]. Esta insatisfação elitista, somada a outros fatores, como algumas medidas tomadas pelo seu ministro do Trabalho, João Goulart [que depois também viraria presidente do país, num período mais conturbado ainda], levou a uma crise que restaria pra ele a renúncia, caso não quisesse perder o poder num golpe militar.
Mas, Getúlio Vargas, demonstrou ser muito mais astuto do que seus adversários. Na manhã de 24 de agosto de 1954, ele atira contra o próprio peito, atingindo o coração, e se tornando o mártir republicano, quase um santo popular. Atingiu o peito esquerdo, mas também os seus adversários, encabeçados por Carlos Lacerda, jornalista e dono do "Tribuna da Imprensa".
Getúlio, como ele próprio diz, "sai da vida para entrar para a História". Realmente, conseguiu calar temporariamente seus adversários e se perpetuar como o grande patrono dos trabalhadores, muito maior que o próprio Lula.

Veja em seguida a Carta Testamento de Getúlio Vargas:

"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim.
Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao Governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente.
Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores de trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançaram até 500% ao ano. Na declaração de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história

24 de agosto de 1954

Getúlio Vargas"


Fonte: Redeglobo.globo.com
Paz e Bem para todos.
Dominus Vobiscum !!!

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